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sábado, 1 de outubro de 2011

Rádio WEB - Vida com Cristo

A Paz do Senhor Povo de Deus.

Começamos a fazer história, hoje foi iniciada a programação oficial da Rádio Web Vida com Cristo. Esse espaço aberto pelo Senhor Jesus, nos foi dado para divulgação do Evangelho, através da internet.

Oficialmente, o primeiro programa foi EBD na WEB, que traz os comentários abalisados sobre as lições da Escola Bíblica Dominical, por vários irmãos que são professores do corpo docente da EBD em Mossoró-RN.

Hoje tivemos a brilhante participação do Pr. Ivo e do Pb. Fábio.

Todos os sábados estaremos transmitindo, a partir das 10 h, esse programa. Basta acessar: www.admossoro.com . Criamos também o msn, ebdnaweb@hotmail.com e o twitter @EBDadmossoro .

Aguardamos a participação de todos os amados irmãos.

Em Cristo...

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

ESTUDO BÍBLICO: CORNÉLIO – Um homem que buscava a Deus


CORNÉLIO – Um homem que buscava a Deus

Texto Base: Atos 10
Versículo Central: At. 10.2. “Ele era um homem religioso; ele e todas as pessoas da sua casa adoravam a Deus. Cornélio ajudava muito os judeus pobres e orava sempre a Deus.

Certamente aconteceram diversas histórias de conversões que não foram retratadas ou registradas no livro de Atos. Lucas, inspirado por Deus, faz questão de relatar o novo nascimento (Jo. 3.3) do centurião romano chamado Cornélio.
Qual a real razão que existiu naquele contexto para que Lucas registrasse esse fato? O que tinha Cornélio de tão especial? Que fato tão relevante existiu por traz dessa história?
Vamos analisar alguns fatos que poderão esclarecer estes questionamentos citados. Entendamos o contexto que encontramos em Atos 10.
Cornélio era um centurião do Império Romano, ou seja, era um oficial que comandava um grupo de cem soldados do exército romanos. O Império Romano era a então força política de toda aquela região. Era um Império que subjugava a tudo e a todos que estavam sendo conquistados por eles. Um de seus maiores expoentes para suas conquistas era exatamente a força e organização de seu exército e, o grande responsável de manter essa harmonia era o centurião.
Poderíamos imaginar que um homem para se tornar um centurião precisava possuir algumas características peculiares:
1)   Possuir “mãos de ferro”;
2)   Ser fiel ao Imperador;
3)   Não se relacionar afetiva ou moralmente com os dominados;
4)   Manter o domínio do Império;
5)   Deter o poder e o respeito por meio da força.
Assim era o perfil do centurião Cornélio. No entanto, a Bíblia nos mostra outras características que o diferenciava dos demais centuriões romanos. Ele era religioso e todas as pessoas de sua casa adoravam a Deus. Além disso, ele ajudava os judeus pobres e sempre orava a Deus (At. 10.2).
Isso fez toda a diferença para esse homem. A Bíblia revela que um certo dia, enquanto Cornélio orava ao Senhor, lhe apareceu um anjo de Deus que faz uma das maiores esperanças do crente. O anjo disse: “Deus aceitou as suas orações e a ajuda que você tem dado aos pobres e ele não esqueceu você.” (At. 10.4). Ele continua dizendo que mandasse uns de seus homens buscar a Pedro que estava em Jope (At. 10.5).
Aqui começa dois mistérios bíblicos que caracterizam o verdadeiro amor de Deus para com a criação. Vejamos:
1)   Mesmo sendo Cornélio um homem religioso, ele não conhecia ainda o Senhor Jesus e não O tinha como seu Salvador. Ainda assim, Deus recebeu suas orações e não o esqueceu, tudo por causa de suas boas obras junto aos pobres (At. 10.4).
Isso nos mostra que a ação social da igreja é fundamental para mover a íntima compaixão de Deus. As obras sociais estão ligadas diretamente ao desejo de diminuir a injustiça social que Deus tanto ordena em toda a Sua Palavra.
Essas ações sociais realizadas por Cornélio abriu as portas e diminuiu a distância entre ele e Deus a ponto de Deus enviar um de seus anjos, especialmente para Cornélio e revelar a ele que todas as suas orações chegaram aos Ceús e foram aceitas por Deus. Dessa forma estava muito perto de ser completada a única lacuna que faltava na vida do Centurião. Com a chegada de Pedro, o anúncio e a revelação do amor, da vida, da morte, da ressurreição e da salvação por meio de Jesus Cristo estaria completa e sua vida seria transformada definitivamente.
Vocês conhecem a mensagem que Deus mandou ao povo de Israel, anunciando a boa notícia de paz por meio de Jesus Cristo, que é o Senhor de todos. Vocês sabem o que aconteceu em toda a terra de Israel, começando na Galileia, depois que João pregou a sua mensagem a respeito do batismo. Sabem também como Deus derramou o Espírito Santo sobre Jesus de Nazaré e lhe deu poder. Jesus andou por toda parte fazendo o bem e curando todos os que eram dominados pelo Diabo, porque Deus estava com ele. Nós somos testemunhas de tudo o que ele fez na terra de Israel, inclusive em Jerusalém. E depois o mataram, pregando-o numa cruz.
Pedro continuou: — Porém Deus ressuscitou Jesus no terceiro dia e também fez com que ele aparecesse a nós. Ele não foi visto por todo o povo, mas somente por nós, que somos as testemunhas que Deus já havia escolhido. Nós comemos e bebemos com ele depois que Deus o ressuscitou. Jesus nos mandou anunciar o evangelho ao povo e testemunhar que ele foi posto por Deus como Juiz dos vivos e dos mortos. Todos os profetas falaram a respeito de Jesus, dizendo que os que creem nele recebem, por meio dele, o perdão dos pecados.” (At. 10.36-43).
Estavam naquela casa, além de seus donos, todos os melhores amigos e amigos mais íntimos de Cornélio e todos os seus servos. Todos estes escutavam a pregação de Pedro. E estando ainda o Apóstolo a falar, todos receberam o Espírito Santo e todos foram cheios e todos falavam      em línguas estranhas e todos louvavam grandemente a Deus (At. 10.44-45).
2)   Sendo Cornélio um romano, as leis judaicas não permitiam amizades com os “não judeus” e Pedro conhecendo muito bem esse fato, não queria aceitar o convite de Cornélio para ir ter com ele em sua casa. No entanto, antes dos enviados de Cornélio chegar à casa de Simão, o curtidor de couro, que morava a beira do mar, em Jope, Pedro foi orar e Deus, em visão, revela o que iria acontecer e que Pedro deveria ir a Cesareia.
Na visão, Deus mostrava como que um grande lençol cheio de todos os tipos de animais de quatro patas  e que se arrastam pelo chão e aves. E Deus mandava a Pedro matar e comer a todos os animais. Pedro questionou com Deus e disse que jamais comeu coisa alguma impura.
Porém, quando Pedro chegou a casa de Cornélio e viu toda aquela multidão que o esperava, ele entendeu que não poderia fazer nenhuma acepção de pessoas e não poderia considerar a ninguém de impuro ou sujo (At. 10.28), pois ele entendeu que aquele chamado tinha sido realmente de Deus e ele foi de bom grado (At. 10.29).
Quando o próprio Cornélio explicou o que tinha acontecido, desde a aparição do anjo do Senhor até aquele momento, Pedro entendeu todo o mistério. No início de sua pregação, Pedro revela que: “Agora eu sei que, de fato, Deus trata a todos de modo igual, pois ele aceita todos os que o temem e fazem o que é direito, seja qual for a sua raça.” (At. 10.34-35).
Deus mostra que Seu amor é impessoal e independe de etnia, raça, cor, sexo etc, quando encheu a todos os que ali estavam com o Espírito Santo. Outros judeus que acompanharam Pedro desde Jope até Cesareia, ficaram surpreendidos como os “não judeus” também tinham recebido o poder e o revestimento do Espírito Santo (At. 10.45).
Esse trecho bíblico nos mostra que Deus ama a todos os povos e que Seu desejo é que todos aceitem o sacrifício vicário de Jesus Cristo e com isso alcancem sua salvação e que a ação social toca diretamente ao coração de Deus e isso nos abre as portas das bênçãos.
Portanto, é nossa obrigação, enquanto cristão, fazer a ação social de forma constante e não fazer distinção entre pessoas.
Que o Senhor nosso Deus possa continuar nos abençoando.
Amém!!  

sábado, 3 de setembro de 2011

EBD - Lição 10 - A Atuação Social da Igreja





Lição 10 – A Atuação Social da Igreja
04 de setembro de 2011

Texto Áureo
Então dirá o Rei aos que estiverem à sua direita: Vinde, benditos de meu Pai, possuí por herança o reino que vos está preparado desde a fundação do mundo; Porque tive fome, e destes-me de comer; tive sede, e destes-me de beber; era estrangeiro, e hospedastes-me; Estava nu, e vestistes-me; adoeci, e visitastes-me; estive na prisão, e fostes ver-me” (Mt 25.34-36).

Verdade Prática
A Bíblia recomenda que estejamos zelosos também no auxílio aos carentes e necessitados, pois a mensagem do Evangelho contempla o ser humano integralmente.­­­­­­

Leitura Bíblica em Classe
Isaías 58.6-8, 10, 11; Tiago 2.14-17

Objetivos
Após esta aula, o aluno deverá estar apto a:
- Saber que a pobreza é uma realidade sempre presente no mundo;
- Compreender que o socorro aos pobres é uma recomendação bíblica, e
- Conscientizar-se de que a ação social é uma responsabilidade da igreja.

Palavra-chave
AÇÃO SOCIAL
Ações em benefício dos necessitados.

I. Introdução
Nesta aula temos a missão de orientar nossos alunos quanto à qualidade da fé que professamos. A missão integral da Igreja inclui não o dever, mas a consciência e a preocupação de agir em benefício dos necessitados. Como escreveu Tiago em sua epístola: a fé cria as obras, e as obras aperfeiçoam a fé - "Bem vês que a fé cooperou com as suas obras, e que pelas obras a fé foi aperfeiçoada" (Tg 2.22). O reformador João Calvino entendia a riqueza e a pobreza como expressões do favor ou do julgamento de Deus sobre toda a comunidade, que então deveria redistribuir os seus recursos com vistas ao bem-comum. Calvino pergunta: "Por que é então que Deus permite a existência da pobreza aqui embaixo, a não ser porque ele deseja dar-nos ocasião para praticarmos o bem?" Como ensinou Jesus, "Nisto todos conhecerão que sois meus discípulos, se vos amardes uns aos outros" (Jo 13.35). Jesus certamente conhece os motivos que nos movem a fazer o que fazemos e a ser o que somos. Precisamos ter e desenvolver o temor do Senhor. Só o temor do Senhor nos trará uma consciência limpa e pura diante dele. Assim, desejo incentivá-lo à consciência e à transparência das reais motivações de sua fé.

II. Desenvolvimento
I. POBREZA: UMA REALIDADE SEMPRE PRESENTE
1. Os pobres. Na America latina, a partir dos anos 1970, se desenvolveram duas grandes correntes teológicas que abalaram as tradições teológicas: a Teologia da Libertação (Católica) e a Teologia Evangélica da Missão Integral. Essas duas correntes enfatizam a necessidade da reflexão teológica a partir do compromisso social do povo de Deus. A condição social da America Latina levou os pensadores cristãos a desenvolver estas teologias baseadas na opção preferencial pelos pobres contra a pobreza e pela sua libertação e propõem o engajamento social dos cristãos na construção de uma sociedade mais justa e solidaria. A desigualdade social e a pobreza são problemas sociais que afetam a maioria dos países na atualidade. A pobreza existe em todos os países, pobres ou ricos, mas a desigualdade social é um fenômeno que ocorre principalmente em países não desenvolvidos. Resolver o problema é o desafio dos governos desses lugares. No entanto, não é tão simples quanto parece. O filósofo Karl Marx (1818-1883), interpreta a miséria como um instrumento utilizado pelas classes dominantes. Para ele, a desigualdade é resultado da divisão de classes – entre aqueles que detêm os meios de produção e os trabalhadores, que só têm a força de trabalho para garantir a sobrevivência. O contexto da comunidade cristã em Jerusalém, descrito em Atos 6, é de pobreza e necessidades sociais. O resultado do Pentecostes fez com que a igreja de Jerusalém triplicasse em quantidade, mas em contrapartida, crescia na mesma proporção o número de necessitados. Como consequência do crescimento, surgiram carências oriundas de um contexto social de extrema pobreza e miséria. A Igreja Primitiva passara a ser grande, mas seus líderes não podiam fechar os olhos para os pobres e necessitados. Uma igreja que cresce numericamente pode ver seu rebanho adoecer a uma velocidade desproporcional por pura falta de cuidado com as pessoas. A Igreja de Cristo precisa crescer integralmente e priorizar pessoas!

2. O problema da fome. Herdamos um mundo caído, e a pobreza, bem como a doença e a morte, como resultado do primeiro pecado. Antes da queda a terra dava seu fruto livremente, e Adão e Eva entendiam suas responsabilidades sob Deus e percebiam os benefícios da árvore da vida (Gn 2.15, 16). O estado sem pecado de Adão e Eva não significa que eles estavam livres da obrigação de cultivar e guardar o jardim. Antes, a obrigação de lutar pelo seu sustento estava entremeada no mandato e criação. Contudo, desde a queda, a terra passou a negar seu fruto e o homem se tornou irresponsável na execução de sua tarefa de domínio: “maldita é a terra por tua causa; em fadigas obterás dela o sustento durante os dias de tua vida. Ela produzirá também cardos e abrolhos, e tu comerás a erva do campo. No suor do rosto comerás o teu pão, até que tornes à terra, pois dela foste formado; porque tu és pó e ao pó tornarás” (Gn 3.17b-19). Alguns vão ainda mais longe, e assassinam outros para possuir o que não lhes pertence (Gn 4.19. 23, 24)[2]. O livro de Juízes refere-se ao fato de que Israel empobreceu muito (Jz 6.1-6). Os midianitas destruíam as sementeiras, matavam o gado e não deixavam mantimento em Israel. Isso nos mostra que a pobreza era resultado de não haver proteção de Deus. Portanto, a Bíblia nunca lida com a pobreza fora do contexto da queda do homem no pecado. (Todo assunto deve ser considerado em relação à queda da humanidade no pecado. A questão da pobreza não é única nesse respeito.) Isso não quer dizer que, o crente que é pobre esteja em pecado, mas como está inserido num contexto social, sofre as conseqüências do desajuste social, ainda que com um diferencial: há um lugar de descanso, onde ele pode se achegar e descansar, na completa dependência de Deus o homem encontra tudo o que precisa para viver. Sim, o crente considera as circunstâncias da vida sob a ótica de Deus, aprende também a descansar n’Ele. Davi aprendeu isso depois de passar por grandes experiências. Ele disse no Sl 119.165 que “muita paz têm os que amam a tua lei, e para eles não há tropeço”. Quando o crente está em verdadeira sintonia com Deus, passa a enxergar pelos olhos da fé, passa a ver o invisível e usufruir das verdadeiras bênçãos que Ele reservou para os Seus queridos.

3. Precisamos ouvir a voz de Deus. A solução para a pobreza deve ser respondida à luz do que a Bíblia diz sobre a condição caída do homem, e os fatores que criam as condições para a pobreza. Deus determina que o crente cuide dos pobres, para negar isso, deve-se negar toda a Bíblia: Executai juízo verdadeiro, mostrai bondade e misericórdia, cada um a seu irmão” (Zc 7.9) e “O que oprime ao pobre insulta aquele que o criou, mas a este honra o que se compadece do necessitado” (Pv 14.31). Deus instrui o crente a oferecer socorro aos oprimidos, famintos, presos, cegos, estrangeiros, viúvas e órfãos. Nossa prioridade máxima, no cuidado aos pobres e necessitados, são os irmãos em Cristo (Gl 6.10). Jesus equiparou o cuidado com os irmãos na fé como se fossem a Ele próprio (Mt 25.40,45). A igreja primitiva estabeleceu uma comunidade que se importava com o próximo, que repartia suas posses a fim de suprir as necessidades uns dos outros (At 2.44,45; 4.34-37). A diaconia foi instituída para cuidar dos necessitados (At 6.1-6). Deus quer que os que têm em abundância compartilhem com os que nada têm para que haja igualdade entre o seu povo (2 Co 8.14,15; cf. Ef 4.28; Tt 3.14). Tiago desenvolve sua teologia prática afirmando que a verdadeira religião é atender aos necessitados (Tg 1.27) e também que Deus escolheu os que são pobres, para a salvação (2.5).

Sinopse do Tópico (1)
A pobreza é uma realidade social que decorre da Queda.

II. QUESTÕES SOCIAIS NO ANTIGO TESTAMENTO
1. Os ricos e os pobres em Israel. Quando lemos, o livro do profeta Amós, a descrição das casas de Samaria, de paredes de ébano e marfim para se ter uma idéia da prosperidade do país. Mas também da injustiça social que dela decorria: as escavações efetuadas em Tersa, a primeira capital, mostram um conjunto de casas bem construídas, separadas, por um muro, de uma ilhota de casebres, verdadeira favela, na realidade a situação daquela época era boa para alguns e ruim para outras, o dinheiro estava concentrado nas mãos dos poderosos das autoridades da época, foi por isso que Amós foi levantado por Deus para combater as injustiças que haviam na época. Muitos textos da tradição profética apresenta a temática das relações econômicas onde a perspectiva é a partir das pessoas e grupos sociais mais empobrecidos dentro daquela sociedade:
- “Fostes vós que devorastes a vinha, o que roubastes do pobre está em vossas casas. Com que direito esmagais o meu povo e calcais aos pés o rosto dos pobres?” (Is 3.14-15);
- “Teus chefes são rebeldes, parceiros de ladrões. Todos gostam de suborno e correm atrás de presentes. Não fazem justiça ao órfão e a causa da viúva não chega até eles” (Is 1.23);
- “Ai dos que decretam leis injustas e editam escritos de opressão: para afastar os humildes do julgamento e privar do direito os pobres do meu povo, para fazer das viúvas suas presas e roubar os órfãos” (Is 10.1);
- “Ouvi esta palavra, vacas de Basã, que estais sobre o monte de Samaria, que oprimis os fracos, explorais os pobres e dizeis aos vossos maridos: Trazei-nos o que beber” (Am 4.1);
- “Eles odeiam quem repreende no tribunal e detestam quem fala com sinceridade. Por isso: porque oprimis o indigente e lhe cobrais um imposto de trigo, construístes casas de pedra lavrada, mas não as habitareis; plantastes esplêndidas vinhas, mas não bebereis o seu vinho. Pois conheço vossos inúmeros delitos e vossos enormes pecados” (Am 5.10-12);
- “Ai do que constrói sua casa sem justiça e seus aposentos sem direito; que faz trabalhar seu próximo de graça e não lhe paga o salário” (Jr 22.13);
- “Eles não sabem fazer o que é reto” (Am 3.10).
Durante o período de dominação romana na Palestina do primeiro século, o povo judeu encontrava-se em situação de “povo dominado” ou “escravizado”. A sociedade era dividida em quatro grandes grupos socioeconômicos: os ricos, grandes proprietários, comerciantes ou elementos provenientes do alto clero; os grupos médios, sacerdotes, pequenos e médios proprietários rurais ou comerciantes; os pobres, trabalhadores em geral, seja no campo ou nas cidades; e os miseráveis, mendigos, escravos ou excluídos sociais, como ladrões. Contudo, as diferenças sociais na palestina não se pautavam somente na riqueza ou pobreza do indivíduo, mas em diversos outros critérios, como sexo, função religiosa, conhecimento, pureza étnica, etc. Dois exemplos: uma mulher, ainda que proveniente de uma família rica, estava numa situação social inferior a de um levita; um samaritano, apesar da miscigenação com os israelitas, era considerado impuro e, socialmente, inferior a uma mulher judia.

2. A escravidão em Israel. Críticos atribuem culpa à religião judaica e à fé cristã, pelo incentivo à escravidão desde tempos remotos, mas se examinarmos o Antigo Testamento veremos que era proibida a escravidão no meio do povo hebreu (Lv 25.42). Os únicos casos de servidão – radicalmente distinto de qualquer modelo das culturas pagãs – eram de punições de criminosos que deveriam restituir o roubo com serviço, (Ex 22.3); e de pobreza, quando as pessoas buscavam sustento trabalhando para outras, (Lv 25.39;Ex 21.7). É relevante que os hebreus escravos, por motivo de crime ou pobreza, só podiam servir aos seus senhores por seis anos, sendo compulsoriamente libertados. Mesmo no caso dos pobres, a opção de se tornarem servos era deles, a fim de que não morressem de fome. Na verdade, o princípio da escravidão entre hebreus, nada mais era do que ser tratado exatamente como um trabalhador livre, um empregado pago, (Lv 25.39,40; Cf. Mt 24.45s; Lc 19.11s). A Lei permitia aos hebreus comprar escravos vindos do mundo pagão (Lv 25.44), porém nenhum escravo era permitido no meio do povo se não houvesse profissão de fé e circuncisão para com o Deus de Israel. Isto era previsto para que a santidade do povo e a fidelidade a Deus fossem preservadas contra qualquer mistura de religiões do mundo pagão. Mas o escravo não era compulsoriamente circuncidado, pois a circuncisão só poderia ser administrada se a pessoa concordasse com os preceitos da fé de Israel, (Rm 2.25-29); caso contrário, ele era devolvido ao seu povo de origem. O tempo exigido para a liberdade de um escravo de outra origem era de cinqüenta anos. Jó usou o argumento da criação para referendar os direitos dos seus servos, (Jó 31.13-15):
·Os escravos tinham direito a um dia de descanso como qualquer trabalhador comum, (Êx 20.10; 23.12);
·Havia salário para o escravo, (Lv 25.40);
·Havia indenização por vexames provocados contra o escravo, (Ex 21.8,10);
·Os escravos tinham direito de se casarem com filhos ou filhas de seus senhores, tornando-se assim membros da família, (Ex 21.9);
·Se fugissem de seus senhores não poderiam ser devolvidos para os mesmos, (Dt 23.15-16). Isso era providencial porque os escravos fugiam de senhores que lhes maltratavam, e isso fazia com que seus donos perdessem o direito de seus serviços; a lei proibia todo e qualquer maltrato a um escravo.
·Se um escravo concordasse em ser um professo fiel ao Deus de Israel, ele tornava-se um membro da família, com privilégios que a outro membro poderia ser negado, (Lv 22.10-13);
·O ano sabático e o ano do jubileu eram datas de cada senhor dispensar os trabalhos de seus escravos, a menos que tais escravos se recusassem a deixar o serviço, sendo amados pelos seus senhores, se tornariam servos para sempre, (Ex 21.2,5);
·Havia leis que protegiam os escravos a cada possível circunstância degradante por parte dos senhores malvados, estes, para os quais era previsto punição;

Por estes motivos, o mercado escravagista judaico não interessava aos mercadores de escravos, havendo entre eles até mesmo um ditado que dizia “Quem comprar um escravo judeu arranja um senhor para si mesmo” [3].

3. O socorro aos pobres. No Antigo Testamento vemos que existe uma clara opção preferencial de Deus pelos pobres e oprimidos. Isto não significa que Deus faça acepção de pessoas ou de classe social. Mas com certeza Ele olha de maneira especial para aqueles que não têm vez, que não têm voz. A lei de Moisés continha dispositivos que iam além do mero atendimento de necessidades imediatas, criando condições para que houvesse menor desigualdade na sociedade de Israel. São exemplos disso a lei da rebusca (Lv 19.9-10; 23.22; Dt 24.19-21) e o ano do jubileu (Lv 25.8-34). Quando se chega à literatura profética, em especial aos “profetas éticos” do século oitavo a.C. (Isaías, Oséias, Amós e Miquéias), a justiça, a misericórdia e a generosidade no trato com os sofredores se tornam um tema dominante (Is 1.17,23; 3.14-15,18-23; 5.7-8; 58.5-10; Os 10.12; 12.5-7; Am 2.6-7; 4.1; 5.12,24; 8.4-6; Mq 2.1-2; 6.8). A justiça social ordenada por Deus determinava que os ricos não desprezassem os pobres (Dt 15. 7-11), e que o estrangeiro, a viúva e o órfão fossem atendidos em suas necessidades (Ex 22. 22; Dt 10. 18; 14. 29). Ezequiel 16.49 afirma que o pecado de Sodoma, além do orgulho, da vaidade e da imoralidade era que aquela cidade, sendo rica e abastada, nunca atendeu o pobre e o necessitado. O Velho Testamento encerra o objetivo de Deus ao entregar a Lei à Israel: que não houvesse miseráveis e injustiçados no meio do Seu povo.

Sinopse do Tópico (2)
Segundo a Lei de Moisés, os mais ricos deveriam assistir os mais pobres.

III. O NOVO TESTAMENTO E A AÇÃO SOCIAL DA IGREJA
1. Nos Evangelhos. O ministério terreno de Jesus objetivou trazer aos homens liberdade do pecado, de satanás, da lei e da morte. Ao definir seu ministério em Lucas 4.17-21, no qual interpreta sua missão em termos proféticos, asseverou: (a) um ministério de restauração material, pois se afirma enviado a restaurar os contritos de coração...; (b) um ministério de libertação social, desde que anuncia “liberdade aos cativos e abertura de prisão aos presos”; (c) um ministério de redenção espiritual, porquanto veio “apregoar o ano aceitável do Senhor e o dia da vingança de Deus”...; (d) um ministério de consolação moral, uma vez que se propõe a “consolar todos os tristes”[4]. Jesus desenvolveu um ministério libertador deixando transparecer o caráter altruísta de sua Obra. Em Lucas 14.12-14, Jesus ensina o princípio e motivos altruístas ao se realizarem atos de generosidade acrescentando que a recompensa não será devolvida no tempo presente, mas na ressurreição dos justos. Aqui estão incluídos os pobres, enfermos, deficientes físicos, crianças, idosos, desamparados, desabrigados, encarcerados, bem como os incapazes de retribuir quaisquer favores recebidos (Lc 14. 13,14).

2. Na Igreja Primitiva. Quando Cristo veio ao mundo, a Palestina passava por graves problemas sócio-econômicos, de sorte que muitos o buscavam apenas para saciar a fome (Jo 6.26). É justamente nesse contexto que devemos estudar a ação social da igreja primitiva. Ler At 2. 43-46; 6. 1; Rm 15. 25-27; I Co 16. 1-4; II Co 8; 9; GI 2. 9; Fp 4. 18,19, etc. Conforme o relato de Atos, a comunidade cristã em Jerusalém vivia em comunhão exemplar. “Ninguém dizia que coisa alguma das que possuía era sua própria, mas todas as coisas lhes eram comuns”. Uma prática comum daquela igreja era a partilha de bens para atender aos necessitados (At 2.44,45; 4.34,35). Essa partilha era totalmente voluntária, e não compulsória. O que acontecia certamente era que os cristãos que possuíam uma melhor situação econômica vendiam suas casas e terras para atender aos irmãos mais necessitados. Uma observação a ser feita aqui é que a prática dos cristãos do segundo século, ainda que seja louvável, não é normativa para nós hoje. “E todos os que criam estavam juntos, e tinham tudo em comum. E vendiam suas propriedades e bens, e repartiam com todos, segundo cada um havia de mister.” (Atos 2:44-45) Esta passagem nos perturba. Preferimos saltá-la para evitar o desafio que ela encerra. Devemos imitar literalmente estes crentes? Quis Jesus que todos seus seguidores vendessem suas possessões e repartissem o que obtivessem delas? Sem dúvida, o Senhor chamou a alguns de seus discípulos a uma pobreza voluntária total. Esse é o chamamento que fez ao jovem rico, por exemplo. A ele, Jesus disse expressamente que vendesse tudo e o desse aos pobres. Este foi também o chamado do frade Francisco de Assis, na idade média, e mais recentemente, o chamado de Madre Tereza, em Calcutá, ambos católicos romanos. Eles nos recordam que a vida não consiste na abundância dos bens que possuímos. Mas não todos os discípulos de Cristo são chamados a isso. A proibição da propriedade privada é uma doutrina marxista, não cristã. Mesmo na igreja em Jerusalém, a decisão de vender as propriedades e dar tudo foi uma questão voluntária. Quando passamos para o versículo 46, lemos que os crentes se reuniam “em suas casas”. Quer dizer, continuavam tendo casa e propriedades pessoais. Pelo visto, não haviam vendido todas as casas, seus móveis e suas propriedades! Contudo alguns tinham casas, e os crentes se reuniam nelas. Não obstante, não devemos evadir do desafio destes versículos. Alguns suspiram com alívio porque não sugeri que devemos vender tudo e repartir-lo. Mas, mesmo que não seja nosso chamado particular, todos fomos chamados a nos amarmos mutuamente como faziam aqueles cristãos [5].

3. Na Igreja Atual. O ponto decisivo para o mundo evangélico, foi sem dúvida alguma, o Congresso Internacional sobre a Evangelização Mundial realizado em julho de 1974, em Lausanne, na Suíça, cerca de 2.700 participantes vindos de mais de 150 nações, reuniram-se sob o lema “Que o Mundo Ouça Sua Voz”, endossando no encerramento do Congresso o Pacto de Lausanne. Após três sessões introdutórias sobre o propósito de Deus, a autoridade da Bíblia e a singularidade de Cristo, seguiu-se a quarta palestra, intitulada “A natureza da Evangelização” e, em seguida “A responsabilidade Social Cristã”. Esta última declara que “a evangelização e o envolvimento sócio-político são ambos parte de nosso dever cristão”[6]. A partir da conferência de Lausanne, na Suiça, em 1974, o mundo evangélico é levado a refletir sobre sua tarefa missionária e sobre a cooperação no cumprimento da missão. Com o lema “toda a Igreja levando todo o Evangelho a todo o Homem em todo o Mundo”, a conferência alcançou bem mais do que os participantes, criando um movimento mundial com benefícios incalculáveis para as missões. Conferências regionais foram realizadas e, em 1989, Lausanne II em Manilla, Filipinas. O movimento Lausanne quer:
a. dar uma orientação teológica, baseada na Bíblia, acerca da motivação missionária e seu conteúdo;
b. estimular os cristãos a uma responsabilidade maior pela evangelização que já vem ocorrendo nas diferentes denominações e movimentos;
c. inspirar os cristãos, individualmente, a um serviço intensivo de intercessão e de ofertar bem mais para missões;
d. conscientizar os cristãos de que evangelização e ação social devem acompanhar um ao outro; e
e. possibilitar contatos ecumênicos entre a cristandade evangélica para melhor planejamento e cooperação.

Sinopse do Tópico (3)
Os servos de Deus têm o compromisso de socorrer os pobres e necessitados.

III. Conclusão
O ministério de Jesus caracterizava-se pela compaixão amorosa a todos os sofredores e indigentes desse mundo (Mt 25.31-46; Lc 10.25-37). Idêntica solicitude é demonstrada tanto nos escritos proféticos do Antigo Testamento (Is 1.15-17; Mq 6.8) quanto nas epístolas neotestamentárias (Tg 1.27; 1Jo 3.17,18). Expressar o amor de Cristo de modo tangível pode ser um meio vital de a Igreja cumprir a missão que lhe foi confiada por Deus. Assim como em todos os aspectos da missão (ou propósito) da Igreja, é essencial que nossos motivos e métodos visem fazer tudo para a glória de Deus.
Estudo elaborado por: Francisco A. barbosa (http://auxilioebd.blogspot.com)

domingo, 28 de agosto de 2011

EBD - PREPARANDO A EBD DO SEGUNDO SÉCULO DAS ASSEMBLEIAS DE DEUS

 

Preparando a Escola Dominical do Segundo Século das Assembleias de Deus

Identidade e Relevância


A educação não é projeto de uma só pessoa. Uma vez que ela será vivida por uma comunidade, é preciso que essa educação corresponda aos anseios desse mesmo corpo social. Além disso, ela precisa refletir a realidade do grupo a que se destina sem, contudo, meramente reproduzi-la e sim, interpretá-la criticamente. Uma educação assim, como se presume, não é orgânica, naturalista, dada, espontânea ou coisa que o valha, antes, é pensada, construída, intencional, planejada, concebida. Ainda assim, mesmo tendo esse princípio ideológico, essa educação precisa reconhecer sua inexorável sujeição histórico-contingencial. Ela e seus pensadores são tributários de seu tempo.

Dependentes dos paradigmas a que se opõem ou que a eles convergem, os que pensam a educação precisam ter lucidez suficiente para questionar a própria prática. Tal exercício, longe de ser um ato virtuoso, é ação obrigatória no quefazer pedagógico, pois, inoculados e dependentes das estruturas de pensamento em vigência da época, tais pensadores, por mais que tenham uma motivação altruísta para formularem sua teoria educacional, podem incorrer, involuntariamente, em uma concepção irreal do fenômeno educativo. Assim, qualquer instituição ou comunidade, igreja ou entidade que possuam sistemas educacionais próprios, precisam reconhecer a urgência e a imprescindibilidade de se refletir sobre sua prática pedagógica.

Diante desse saber, é preciso refletir sobre os desafios que, na atualidade, reivindicam uma resposta para que a ED nas ADs continue em sua caminhada evolutiva no futuro. Esse exercício torna-se mais exequível quando conhecemos nossa estrutura de pensamento, pois assim podemos repensar a identidade assembleiana, além de termos também as condições para questionar a nossa relevância.


A CPAD E SUA POLÍTICA EDUCACIONAL DE DEMOCRATIZAR O ENSINO


Há duas décadas, quando cheguei à AD, a denominação estava a dezessete dias de completar 80 anos e eu, aos quatorze, apenas iniciava a adolescência. À época, devido ao meu porte físico, fui acomodado na classe de jovens, cuja indicação da revista Lições Bíblicas é para a faixa etária adulta que se inicia a partir dos dezoito anos. Apesar de a revista Mensageiros da Fé (publicada naquela época) ser indicada para a faixa etária de 12 a 14 anos, não havia como situar-me naquele grupo, pois, a diferença, em termos de maturação biológica e psíquica de quem está saindo da terceira infância em relação a quem já está entrando na adolescência, é algo que, devido as necessidades e os anseios dos grupos, separa-os claramente. Dessa forma, o pré-adolescente e o juvenil (faixa na qual me enquadraria facilmente) permaneciam em uma espécie de “limbo pedagógico”. Evidentemente que havia a clara percepção educacional da necessidade de revistas específicas para essas faixas etárias, o que na realidade faltava era recursos para que o projeto pudesse sair do papel. A prova disso está na convocação da quarta capa da segunda revista de ED que estudei ainda em 1991, que tinha como título “CARIJ – a urgente missão de atualizar as revistas infanto-juvenis para a Escola Dominical”.

A notificação é institucional e, por isso, o texto aparece assinado pela Divisão de Educação Cristã, que é o atual Setor de Educação Cristã. O que deve ficar claro é a preocupação recorrente da Editora com o aspecto intencional e planejado da educação através da ED. Na realidade, todo esse processo teve início ainda em 1974, com a criação do Caped pelo pastor Antonio Gilberto e patrocinado pela CPAD. Desse tempo para cá, muitos outros horizontes puderam ser vislumbrados na área do ensino em nossa denominação.

Em 1996, mais um grande salto em favor da democratização do ensino foi dado. As ADs, através dos seus líderes, superintendentes e professores, expressaram seus anseios à Casa Publicadora das Assembleias de Deus em relação ao material didático utilizado na ED. Ocorria no Rio de Janeiro, o 1º Encontro de Superintendentes de Escola Dominical. Nascida na visão do Diretor Executivo da CPAD, Ronaldo Rodrigues de Souza, esta iniciativa trouxe avanços consideráveis e desde então intensificou-se o processo de mudança curricular.

Como a democratização do ensino tem sido uma realidade para a Editora, a CPAD não parou por aí, contudo, em razão do espaço, não será possível detalhar a caminhada ascendente da Educação Cristã no contexto assembleiano, entretanto, os exemplos colocados deixam claro que a CPAD está atenta às mudanças e às demandas que os novos paradigmas educacionais estabelecem. A Casa é plenamente cônscia de que os novos tempos trazem novas expectativas, novos desafios e, justamente por isso, sua política educacional não poderia ser mais acertada ao franquear a palavra aos milhares de líderes, superintendentes e professores que,
voluntariamente, se doam ao ensino da Bíblia Sagrada todos os domingos utilizando as revistas do currículo da CPAD.
Em outras palavras, a Casa está aberta a sugestões, críticas e ideias que certamente servirão para o aperfeiçoamento constante do seu material de ED.
Mesmo com todo o trabalho desenvolvido pela CPAD, é preciso entender que, pela dimensão numérica de nossa igreja, existe ainda muita falta de participação nas aulas dominicais. Em 1991, dados oficiais do IBGE davam conta que as ADs, nesse tempo, possuíam cinco milhões de membros. Estimativas atuais e otimistas defendem que somos atualmente 20 milhões. Para fins de análise do que se pretende apontar aqui, esses dados chamam atenção para um aumento astronômico, pois a denominação cresceu o triplo em duas décadas, contra oitenta anos que a precederam! E é exatamente aqui que reside o problema. Pelas informações que existem, a participação na ED ainda é pífia, pois somente cerca de 20 por cento desse número é aluno e participa do mais importante programa de Educação Cristã da igreja. É bem verdade que de 1996 para cá, ou seja, desde o lançamento do Biênio da Escola Dominical 96/97, devido aos investimentos realizados na área curricular e na capacitação do professor, houve um crescimento de 10 por cento. Isso significa crescer em treze anos o mesmo percentual que demorou oitenta e cinco anos para ser atingido! Tal constatação indica claramente que a CPAD está na direção certa em relação àquilo que lhe compete.

Mesmo diante desses dados, alguns questionamentos se impõem: Se temos material de qualidade e o apoio necessário do ponto de vista pedagógico, o que é que nos falta? Mesmo sendo ainda muito forte a resistência ao saber nos círculos pentecostais, paradoxalmente, a CPAD como uma editora pentecostal, é a que mais investe na área da Educação Cristã e, de maneira específica, na ED. O que se conclui é que os avanços no campo teológico nos limites das ADs devem-se à intensa disseminação da literatura através da Editora.


REPENSAR A IDENTIDADE E QUESTIONAR A RELEVÂNCIA


Qualquer sistema de educação, seja qual a for a sua concepção do fenômeno educacional, quase nunca é algo pensado para o momento. A crise enfrentada pelas pessoas do tempo atual enseja uma reação visando à próxima geração. Howard Hendricks, afirma que “leva pelo menos vinte anos para o indivíduo descobrir que ele recebeu boa educação”. Isso significa que, se quisermos verificar mudanças substancias em nosso pensamento teológico e senso de missão cristã, ocorridas a partir da ED, é preciso estabelecer hoje o que queremos que esteja sendo prática corrente em 2030!

Pensar uma ED para a denominação é uma tarefa gigantesca e hercúlea. Há grandes desafios internos e externos que demonstram claramente as dificuldades de tal empreitada. Contudo, existe uma característica extremamente importante que pode ser o caminho para se pensar em pequenas — porém, massivas — transformações em nosso meio. Trata-se do fato de que qualquer pessoa que tenha a oportunidade de viajar pelo país conseguirá, sem muito esforço, identificar em nossas igrejas mais similaridades que diferenças. As poucas diferenças que existem são em áreas periféricas, pois no campo doutrinário a unidade é praticamente unânime. Tal fato, como já tive oportunidade de dizer em outro artigo, deve-se, sem dúvida, ao trabalho realizado pela CPAD ao longo dos seus 71 anos de existência, particularmente através da revista Lições Bíblicas.

Antes de emitir o meu despretensioso parecer, devo deixar claro que é evidente que o tema dessa reflexão não está sugerindo uma preparação para um século, no sentido de cem anos. Mesmo porque, “a folhinha e o calendário são outros nomes para o relógio; por isso, são convencionais, repetitivos e historicamente vazios”. A proposta é pensar algo que existe há dez décadas, entendendo que a instituição ED, nas ADs, deverá enfrentar (se Jesus não levar o seu povo até lá, é claro!) outros cem anos, consciente de que os seus novos desafios são muito distintos dos do seu primeiro centenário, mas também reconhecer as amplas possibilidades que esse novo tempo traz. É natural que nesse momento grandes questões emirjam e reclamem respostas: Como deverá ser a ED no próximo século das ADs? Essa reflexão, porém, não tem sentido antes de se responder: Quais os desafios, do primeiro século, que ainda temos para transpor?


Uma vez que a ED é gerida por pessoas, mesmo que o material didático seja de boa qualidade, nada mudará se a perspectiva de quem a faz for de que ela nada mais é que uma reunião domingueira. Em outras palavras, o princípio básico da ED é o ensino da Palavra de Deus, mas nada impede que através dela outras atividades sejam desempenhadas. O exemplo de Raikes é extremamente oportuno nesse sentido. Ele não viu as crianças apenas como “almas” que precisavam livrar-se do inferno, mas como seres humanos integrais que precisavam de salvação, mas também de alimentação, conhecimento, instrução, educação e, sobretudo, a garantia de um futuro melhor.
Como reflexão humana sobre a revelação, a teologia pentecostal precisa fazer com que o dualismo antropológico e a dicotomia da realidade sejam eliminados. Mesmo crendo na instalação literal do Reino de Deus por Jesus Cristo, é preciso perceber a necessidade de uma atuação responsável da igreja, valorizando a redenção cultural, a produção do conhecimento como forma de atuação no mundo e ainda a salvação integral do ser humano, visando torná-lo útil ― já aqui na Terra ―, através da prática dos valores do Reino.

Cem anos indica a necessidade de manutenção e reafirmação doutrinárias, mas também de reconsideração dos elementos ideológicos que, estranhos ao conteúdo escriturístico, incorporaram-se à prática da igreja. Tais elementos são como parasitas que se instalam no tronco de uma árvore e roubam os nutrientes que devem chegar aos galhos. Nada se desenvolve em um vácuo atemporal ou em uma bolha. Assim, a teologia ou a formulação de regras de tradição, produzidas por homens (falíveis, diga-se de passagem), são tributários de seu tempo. E os que as produziu certamente foram influenciados pela estruturas de pensamento em vigência em suas épocas. E é aqui que inicia-se o entendimento de um aspecto chave que certamente apontará os possíveis caminhos para mudar a nossa prática: nossa visão de mundo (identidade) e nossa atuação no mundo (relevância). O “apego ao passado”, como escreveu Milton Santos, “pode significar uma identidade com as raízes, mas a escolha do futuro vai, sobretudo, depender d[o] entendimento do mundo atual”. Uma vez que os nossos antepassados cumpriram sua tarefa evangelística e deram o melhor de si, a leitura da realidade é o mínimo que podemos fazer para que preparemos a ED do futuro. A educação que se faz hoje, meramente repetindo o que se praticou no passado, tende a cair na mesmice porque a vida é dinâmica.

É preciso entender os problemas que originaram a criação do movimento de ensino dominical, pois a preocupação não era somente com a dimensão espiritual do ser humano. A educação através da ED foi uma forma de correção momentânea e circunstancial, ao mesmo tempo em que visava incidir sobre o futuro. E é aqui que reside a importância de pensá-la, e não apenas reproduzi-la. Eu diria que não se trata de reinventar a ED, mas de dizer como ela pode funcionar em nossa igreja e, particularmente, nesse contexto. Essa atitude certamente a enriquecerá e trará avanços significativos em nosso autoconhecimento apontando possíveis caminhos para a superação do dualismo teológico que restringiu a missão da igreja à simplesmente “ganhar almas” (e não seres humanos integrais!), muitas vezes esquecendo-se, inclusive, de educá-las para que se mantenham no Caminho.


Percebe-se claramente que a nossa estrutura de pensamento é dual e dicotômica. Isso quer dizer que o aspecto que divide nossas atividades entre secular/sagrado, santo/profano, mundo/céu, vida cristã/vida privada, homem espiritual/homem material etc., é algo já devidamente condicionado. Contudo, para efetivamente cumprir a missão que o Senhor Deus outorgou à igreja, é preciso romper com tal dualismo e dicotomia, o que consequentemente significa mudar nossa visão de mundo! Já é tempo de entender que se o Reino de Deus (em seu sentido apocalíptico, literal e político) não será implantado na Terra pela ação social; também não existe possibilidade de a igreja olvidar desse seu papel. Para conseguir alcançar essa nova geração será preciso preparar-se para entrar por esse caminho. O ponto em comum de toda a discussão consiste no dualismo antropológico e na dicotomia da realidade.

Essa cosmovisão maniqueísta, que hipervaloriza o “além escatológico” e esquece o mundo que é criação de Deus, que não reflete acerca do fato de o ser humano ter recebido um mandato cultural que lhe foi outorgado na Criação, tendo então a obrigatoriedade de cuidar da Terra, não tem respaldo bíblico, antes é fruto de um equívoco teológico e, como podemos inferir do que disse Jesus Cristo, a salvação de vidas é algo muito mais importante que o cumprimento de regras religiosas (Mt 12.1-13). Assim, qualquer visão pessimista e irresponsável que ainda exalta a omissão e torna a atitude egoísta algo piedoso com a desculpa de que “as coisas são assim mesmo, pois Jesus está voltando”, não tem mais espaço em um mundo preocupado em despertar nas novas gerações um senso de responsabilidade com a preservação do meio ambiente e com o desenvolvimento de medidas que diminuam a dor e o sofrimento humanos.


PR. César Moisés
É pastor, pedagogo, chefe do Setor de Educação Cristã da CPAD e professor universitário.
http://www.cpad.com.br/

sábado, 27 de agosto de 2011

EBD - Lição 09 - Preservando a Identidade da Igreja


Lição 9 – Preservando a Identidade da Igreja
28 de agosto de 2011

Texto Áureo
Mas temo que, assim como a serpente enganou Eva com a sua astúcia, assim também sejam de alguma sorte corrompidos os vossos sentidos e se apartem da simplicidade [alguns manuscritos acrescentam: e da pureza] que há em Cristo” (2Co 11.3). 
Paulo, como um pastor zeloso, teme que seus convertidos se afastem de Cristo, assim como Eva foi enganada por Satanás e afastou-se de Deus. Ele sabia que os falsos apóstolos eram uma perigosa ameaça espiritual, comparável à Serpente de Gênesis. Seus ensinamentos pareciam bons, mas na realidade corrompiam a mensagem do evangelho com suas inserções humanas, filosóficas e gnósticas de apego a exigências legalistas e de concessões (2Co 3.6; 6.14-7.1; 10.5). Esse perigo não ficou restrito àquela época da Igreja, ele é tão real hoje quanto foi para a Igreja de Corinto. Por isso, a advertência de Paulo deve ser o norteador de todo crente para não se apartar da simplicidade e da pureza que há em Cristo.

Verdade Prática
Só existe um meio de a Igreja de Cristo preservar a sua identidade como a agência por excelência do Reino de Deus: obedecer amorosa e incondicionalmente a Bíblia Sagrada.

Leitura Bíblica em Classe
Atos 20.25-32
Objetivos
Após esta aula, o aluno deverá estar apto a:
- Compreender o que é a Igreja;
- Saber que devemos preservar a identidade da Igreja, e
- Identificar Os perigos que ameaçam a Igreja na terra.

Palavra-chave
IDENTIDADE
Conjunto de caracteres próprios e exclusivos de uma pessoa.
Comentário
Quais os perigos que têm ameaçado a Igreja e desfalcado a sua característica como embaixada do Reino? É significativo que a primeira vez em que os seguidores de Cristo foram chamados de ‘cristãos’ foi justamente por se parecerem com Cristo – ‘aqueles que seguem a Cristo’, isso porque tudo o que tinham em comum era Cristo; não se identificavam pela naturalidade, pela cultura ou pela língua que falavam. Para aquela Igreja, ser Cristão era pertencer a Cristo, ainda que esse epíteto fosse inicialmente ‘pejorativo’, tornou-se o designativo de um povo realmente chamado para fora do mundo e esse termo, ou aquele que o mundo hoje escolheu para nós - crentes (também pejorativo) – é o mais supremo nome que o ser humano pode levar na terra: ‘Cristão’! É primordial que tenhamos o zelo de manter as características de verdadeiros seguidores de Jesus Cristo para não sermos identificados pelo que temos, ou pela posição que ocupamos, ou pelo conjunto de regras e doutrinas que defendemos, mas sim pelo amor a Deus e o zelo pela Palavra, pela simplicidade e pela pureza que há em Cristo. Boa Aula!

I. O QUE É A IGREJA
Definição, Principais Dimensões e Sua Identidade.
Definição: Ekklesia’, formado de ek, ‘para fora de’, e klesis, ‘chamado’; no singular kaleõ, ‘chamar’. Entre os gregos era usado para descrever um grupo de cidadãos reunidos com a finalidade de discutir os assuntos do estado, como em At 19.39. O grupo de 72 sábios judeus que traduziram as Escrituras hebraicas para o grego utilizou o termo para designar o ‘ajuntamento de Israel’, quando convocado para qualquer propósito definido. O uso nos evangelhos tem duas aplicações possíveis: ao grupo inteiro dos redimidos ao longo da era atual, acerca do qual Jesus disse: ‘...edificarei a minha Igreja’ (Mt 16.18) e que na teologia desenvolvida por Paulo é descrito como ‘igreja, que é o seu corpo’, a Igreja universal (Ef 1.22, 23; 5.23); outro sentido quando utilizado no singular para referir-se a um grupo formado por crentes professos, como em Mt 18.17, e no plural, diz respeito às igrejas num distrito.
As principais dimensões da Igreja e sua identidade:
(1) A igreja é apresentada como o povo de DEUS (1Co 1.2; 10.32; 1Pe 2.4-10), o agrupamento dos crentes redimidos como fruto da morte de Cristo (1Pe 1.18,19). É um povo peregrino que já não pertence a esta terra (Hb 13.12-14), cujo primeiro dever é viver e cultivar uma comunhão real e pessoal com DEUS (1Pe 2.5; ver Hb 11.6).
(2) A igreja foi chamada para deixar o mundo e ingressar no reino de DEUS. A separação do mundo é parte inerente da natureza da igreja e a recompensa disso é ter o Senhor por DEUS e Pai (2Co 6.16-18).
(3) A igreja é o templo de DEUS e do ESPÍRITO SANTO (ver 1Co 3.16; 2Co 6.14—7.1; Ef 2.11-22; 1Pe 2.4-10). Este fato, no tocante à igreja, requer dela separação da iniqüidade e da imoralidade.
(4) A igreja é o corpo de Cristo (1Co 6.15,16; 10.16,17; 12.12-27). Isto indica que não pode existir igreja verdadeira sem união vital dos seus membros com Cristo. A cabeça do corpo é Cristo (Cl 1.18; Ef 1.22; 4.15; 5.23).
(5) A igreja é a noiva de Cristo (2Co 11.2; Ef 5.23-27; Ap 19.7-9). Este conceito nupcial enfatiza tanto a lealdade, devoção e fidelidade da igreja a Cristo, quanto o amor de Cristo à sua igreja e sua comunhão com ela. 
(6) A igreja é uma comunhão (gr. koinonia) espiritual (2Co 13.14; Fp 2.1). Isto inclui a habitação nela do ESPÍRITO SANTO (Lc 11.13; Jo 7.37-39; 20.22), a unidade do ESPÍRITO (Ef 4.4) e o batismo com o ESPÍRITO (At 1.5; 2.4; 8.14-17; 10.44; 19.1-7). Esta comunhão deve ser uma demonstração visível do mútuo amor e cuidado entre os irmãos (Jo 13.34,35).
(7) A igreja é um ministério (gr. diakonia) espiritual. Ela ministra por meio de dons (gr. charismata) outorgados pelo ESPÍRITO SANTO (Rm 12.6; 1Co 1.7; 12.4-11, 20-31; Ef 4.11).
(8) A igreja é um exército engajado num conflito espiritual, batalhando com a espada e o poder do ESPÍRITO (Ef 6.17). Seu combate é espiritual, contra Satanás e o pecado. O ESPÍRITO que está na igreja e a enche, é qual guerreiro manejando a Palavra viva de DEUS, libertando as pessoas do domínio de Satanás e anulando todos os poderes das trevas (At 26.18; Hb 4.12; Ap 1.16; 2.16; 19.15, 21).
(9) A igreja é a coluna e o fundamento da verdade (1Tm 3.15), funcionando, assim, como o alicerce que sustenta uma construção. A igreja deve sustentar a verdade e conservá-la íntegra, defendendo-a contra os deturpadores e os falsos mestres (ver Fp 1.17; Jd 3).
(10) A igreja é um povo possuidor de uma esperança futura. Esta esperança tem por centro a volta de Cristo para buscar o seu povo (ver Jo 14.3; 1Tm 6.14; 2Tm 4.8; Tt 2.13; Hb 9.28).
(11) A igreja é tanto invisível como visível.
a) A igreja invisível é o conjunto dos crentes verdadeiros, unidos por sua fé viva em Cristo.
(b) A igreja visível consiste de congregações locais, compostas de crentes vencedores e fiéis (Ap 2.11, 17, 26; ver 2.7), bem como de crentes professos, porém falsos (Ap 2.2); “caídos” (Ap 2.5); espiritualmente “mortos” (Ap 3.1); e “mornos” (Ap 3.16; ver Mt 13.24 ; At 12.5).

Sinopse do Tópico (1)
A Igreja é um organismo vivo. Ela é formada por pessoas de diferentes raças, línguas, culturas e cor que aceitaram a Cristo como Salvador.

II. A PRESERVAÇÃO DA IDENTIDADE DA IGREJA
1. Na pregação e no ensino do evangelho. A parte central das últimas instruções de Jesus aos discípulos, antes de sua ascensão, foi a ordem de evangelizar o mundo e fazer novos discípulos (Mt 28.19; At 1.8). A tarefa da evangelização ainda faz parte imperativa da missão da Igreja, ela é chamada a ser uma comunidade evangelizadora. Esta é uma das características da Igreja que transparece em passagens como Jo 8.31, 32, 47; 14.23; 1Jo 4.1-3; 2Jo 9. A Grande Comissão foi dada pela autoridade de Cristo, posto que seu domínio é universal, o evangelho deve ir ao mundo inteiro. Assim, devemos avançar e conquistar novos discípulos, e isso não é uma opção, é uma obrigação de todo aquele que se diz cristão; não somos todos evangelistas no sentido formal do termo, mas todos temos recebido os dons necessários para ajudar a realizar essa que é a obra primaz da Igreja - esse imperativo de Jesus é a razão primária de ser Igreja!
2. No amor cristão. Jesus afirmou que nosso amor cristão mostrará que somos seus discípulos (Jo 13.34,35). As pessoas não regeneradas vêem dissensões, ciúme e divisão em nossa Igreja ou reconhecem-nos como seguidores de Jesus pelo amor que demonstramos uns aos outros? Essas coisas são essenciais à salvação e à preservação da identidade da Igreja. O amor cristão é mais do que um sentimento de afeto, é uma atitude que se expressa através do serviço desinteressado. O amor cristão tem no amor sacrificial de Cristo o seu modelo e a comunidade de crentes como o primeiro lugar onde esse amor se expressa (Gl 6.10; Ef 5.25). É digno de nota que o amor é a condição sine qua nom para o exercício apropriado de qualquer dom (1Co 13.1).
3. Na defesa da fé. Paulo preocupado com as raízes pouco profundas de seus convertidos escreve 1Tm 6.3-5 onde retorna pela última vez ao problema dos falsos mestres, destacando especialmente sua tendência de causar divisões e sua ganância. Isso leva-nos a refletir sobre a perspectiva correta que se deve ter em relação à segurança da fé que temos abraçado. Muitos crentes aceitam o que é divulgado pela mídia como se ela não cometesse erros e estivesse livre de preconceitos, isso vale também para o que é ensinado como teologia cristã; é preciso ter cuidado com o que estamos estudando e passando para nossos alunos, ao mesmo tempo, termos o maior cuidado de estarmos certos de que as respostas às quais chegamos são válidas, alicerçadas na Bíblia.

Sinopse do Tópico (2)
A Igreja deve preservar a sua identidade, pregando e vivendo a Palavra de Deus, amando ao próximo e lutando contra as distorções das Sagradas Escrituras.

III. ALGUNS PERIGOS QUE AMEAÇAM A IGREJA
1. A perda e o esfriamento do amor. Os crentes são chamados à fidelidade e perseverança até que as promessas alcancem seu cumprimento total. A demora no cumprimento de alguma promessa muitas vezes leva o crente ao esfriamento do amor e dedicação por Cristo e sua Palavra. Vejamos que na advertência à Igreja de Éfeso em Ap 2.4, o termo ‘deixaste o teu primeiro amor’, caracteriza um ‘abandono’ da fé; este é um dos sentidos do termo grego aphiemi – ‘deixar’; Strong define aphiemi em três categorias de significados: 1) Deixar ir, mandar embora, enviar, perdoar. Nesse sentido, a palavra é usada em conexão com divórcio (1Co 7.11-13), dívidas (Mt 18.27) e, especialmente, pecados (Mt 9.2; 1Jo 1.9); 2) Permitir, deixar (Mt 3.15; 5.40; 19.14); 3) Negligenciar, abandonar, deixar sozinho (Mt 4.11; Mc 7.8; Lc 13.35; Jo 4.3).
2. A perda do temor a Deus. Temer é ‘ter grande respeito a’, não se trata de simples medo, mas de reverência, por meio da qual o indivíduo reconhece o poder e a posição do indivíduo reverenciado e lhe presta respeito formal. Nesse sentido, ‘temor’ implica submissão a uma relação ética formal com Deus. Com efeito, quando se perde o temor a Deus, atingiu-se o mais baixo abismo da degradação moral e possivelmente, torne-se irreconciliável. Ninguém jamais alcançará o padrão divino de absoluta perfeição moral e será digno de sua glória. Portanto, se houver alguma salvação, ela deverá acontecer de outra maneira, pela justificação que há em Cristo para um correto relacionamento com Deus.
3. A perda da humildade. Como visto na lição de número 7, humildade vem do Latim humilitas, -atis: pequenez, modéstia, qualidade de humilde; capacidade de reconhecer os próprios erros, defeitos ou limitações. É o inverso de altivez, arrogância e orgulho. É demonstração de respeito, submissão, deferência e reverência. Refere-se à qualidade daqueles que não tentam se projetar sobre as outras pessoas, nem mostrar ser superior a elas. Paulo que, escrevendo 2Co 3.4, 5 e 6, afirma: “E é por Cristo que temos tal confiança em Deus; Não que sejamos capazes, por nós, de pensar alguma coisa, como de nós mesmos; mas a nossa capacidade vem de Deus, O qual nos fez também capazes de ser ministros de um novo testamento...” Para desempenharmos o serviço do Senhor é imperativo que haja humildade no coração: “O SENHOR já nos mostrou o que é bom, ele já disse o que exige de nós. O que ele quer é que façamos o que é direito, que amemos uns aos outros com dedicação e que vivamos em humilde obediência ao nosso Deus” (Mq 6.8). (Veja Pv 4.23; Mt 15.19; Fp 2.13; Tg 4.10; Lc 22.26; 1Pe 5.5,6).

Sinopse do Tópico (3)
O esfriamento do amor, e a perda do temor a Deus e da humildade têm ameaçado a preservação da identidade da Igreja de Cristo.

III. Conclusão
A Igreja é a família espiritual de Deus, uma comunidade criada pelo Espírito Santo baseada no Calvário, e como tal, deve preservar aquela marca distintiva que caracterizou a Igreja primitiva: obediência amorosa e incondicional à Bíblia Sagrada. Falsos ensinos são uma perigosa ameaça espiritual que podem causar estragos semelhantes aos causados pela Serpente de Gênesis. De modo semelhante, o apego a exigências legalistas e de concessões pode macular a identidade da Igreja (2Co 3.6; 6.14-7.1; 10.5). Por isso, não podemos nos apartar da simplicidade e da pureza que há em Cristo.

Que Deus os Abençoe!

Hermes Castro.